segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Cruzeiro: mitos e verdades


Após 7 dias balançando em alto mar e mais um final de semana com labirintite, estamos de volta! Resolvi começar o relato sobre o cruzeiro apontando algumas questões que sempre me encucaram quando pensava em viagens de navio. Não que eu tenha a resposta para todas elas, afinal um único cruzeiro não resume todas as possibilidades dessa modalidade de viagem, mas já dá pra ter uma idéia sobre algumas coisas.

1.       Navio grande não balança.
Mentira deslavada. Essa é uma das, senão A grande questão que sempre me encafifou em se tratando de cruzeiros. Como dito antes, eu sinto enjôo com muita facilidade e ficava apavorada pensando na possibilidade de passar mal durante a viagem. Ao embarcar fiquei aliviada, pois de fato não sentia nenhum movimento. Lá pelas tantas, percebemos que estávamos nos afastando do porto e subimos para ver a partida do deck superior. Nisso eu já estava eufórica, pois o barco estava em movimento e o balanço era quase imperceptível. A euforia durou até o momento em que entramos em alto mar. Aí a vaca foi pro brejo. Porque a coisa toda balançava sim, e MUITO. O primeiro jantar foi permeado por exclamações do tipo “mas pqp, esse negócio balança pra caraaaaaaamba”. No final das contas as pessoas se acostumam e o balanço deixa de ser incômodo. Eu, que esperava tomar mais de 20 dramins em uma semana, tomei uns 4. E isso num dia de mar muito agitado. Ou seja: balançar, balança. Mas não é nada que incomode a ponto de atrapalhar a viagem.
Eu, me achando "a desbravadora dos mares" durante a partida.
2. Em cruzeiro se come muito.
Isso é verdade, só que em termos. Porque, por mais que haja comida disponível o dia inteirinho, não há ninguém te obrigando a comer nada. A coisa toda funciona basicamente assim: você toma café da manhã (que é cheio de opções). Aí durante o dia todo você tem várias opções de salada e pratos quentes e doces no buffet. No nosso cruzeiro ainda havia o buffet-evil: pizza, cachorro quente, hambúrguer e batata frita. Tudo ali pertinho da piscina interna (onde passávamos grande parte das manhãs).  E sorvete de casquinha (com filas maiores que o INSS). Aí ainda dava pra almoçar no restaurante a la carte bacaninha. E à noite ainda tinha o jantar “chique”, com entradas e pratos principais e trajes pré-definidos (formal, passeio, esporte, etc). E tudo isso incluído no preço do cruzeiro, só se paga à parte as bebidas alcólicas. Ainda havia um café tipo Starbucks e uma sorveteria Ben & Jerry’s, ambos pagos à parte (mas não eram caros). Então víamos pessoas se entupindo de comida literalmente o tempo todo. É claro que ninguém resistiu e aqui em casa cada um voltou com um quilo a mais apontando na balança. Mas que poderiam ter sido facilmente 3 ou 4, caso não tivéssemos nos controlado.
E daí que eu acabei de almoçar? Toda hora é hora de Irish Coffee.

3. Cruzeiro é uma ótima forma de conhecer lugares diferentes gastando pouco.
Imagino que isso até possa ser verdade, se estivermos falando de cruzeiros pelo Caribe, por exemplo. Pois é uma forma de conhecer várias ilhas e praias específicas que jamais visitaríamos de outra forma. Agora, no caso da costa brasileira ou dos portos principais da América do Sul, considero mentira. E isso ficou muito claro pra mim nessa viagem. Teríamos 3 portos de desembarque: Montevidéu, Punta del Este e Santos. Gustavo e eu conhecíamos Montevidéu de outra viagem, e adoramos a capital uruguaia. Mas a escala na cidade foi uma decepção. Isso por dois motivos: não só porque é absolutamente impossível conhecer o principal de uma cidade em poucas horas, como também porque a Montevidéu do verão é completamente diferente da cidade que conheci durante o inverno de 2011 (depois escrevo um post cheio de motivos para se visitar o Uruguai durante o inverno). Conversei com alguns passageiros do nosso navio e todos detestaram a escala, afinal comeram mal no Mercado do Porto e se limitaram às lojinhas-para-turista-ver da região. Mesmo em nosso grupo o pessoal não se empolgou, e com razão. A escala em Punta não aconteceu, porque o mar estava muito agitado, o que impossibilitou a utilização das lanchas para levar os passageiros ao porto (em Punta o navio não atraca no porto, fica ancorado à distância). E, no dia em que atracamos em Santos, chovia canivete. Faltava só um dia pra chegarmos em casa e estávamos cansados, acabamos não desembarcando. Conclusão: o cruzeiro valeu pelo navio e pelas experiências a bordo, as escalas não fizeram a menor diferença. Com exceção de uma degustação que fizemos numa vinícula próxima a Montevidéu, todas as saídas do barco seriam absolutamente dispensáveis.       
Espumante às 10 da manhã? Nas férias pode! (vamos fingir que só fazemos isso nas férias, ok?)
4.       É impossível ficar entediado em um cruzeiro.
Acho que isso depende muito. Depende do perfil do cruzeiro que você escolhe, depende da companhia do cruzeiro e, principalmente,  depende do modo como você encara uma viagem desse tipo. Eu diria que a maior parte das atividades que acontecem em um cruzeiro são do tipo gregárias, partem do pressuposto que as pessoas estão ali para fazer amigos, fazer festa, “badalar”, “causar”. Então era um tal de aula de axé, aula de capoeira, basquete na piscina, gincanas... ou seja, se você não é do tipo que está disposto a dançar a macarena pra ganhar pontos extras num jogo tipo quiz, vai se sentir deslocado. Também havia muitas atividades para os atletas de plantão. Academia bem equipada, Spa, pista de cooper, aulas de ginástica e palestras sobre alimentação saudável (ao lado do buffet de hambúrguer e batata frita, todo um contra-senso). Como meu conceito de férias não envolve nem ouvir axé e nem fazer aula de aeróbica (hein?), admito que houve momentos do tipo “nhé, nem tem nada pra fazer agora”. Mas sou da opinião que se te dão um limão, basta fazer uma caipirinha. Descobrimos o salão de jogos e jogávamos baralho e Scrabble quase todos os dias. A piscina coberta era mais tranquila e ficávamos bastante tempo lá. Havia o casino, que ocupava parte das nossas noites. Teve um dia em que a banda principal tocou Beatles. E sempre tinha um trio de jazz bacana tocando num dos bares. E tomamos váários drinques gostosos e cerveja Blue Moon (que caçamos no navio inteiro até encontrar as últimas garrafas, no teatro). Enfim, nós dois nos divertimos bastante à nossa maneira, e cada integrante do nosso grupo fez o mesmo. Aí se tem uma grande vantagem do cruzeiro: é um tipo de viagem no qual é possível agradar a várias pessoas de gostos diferentes ao mesmo tempo (mas que eu senti falta de ouvir um rockzinho, senti).
Não existe tédio quando existe drinque do dia.

Por fim, uma coisa que eu não tinha ouvido falar, mas que não posso deixar passar em branco: a extrema simpatia e dedicação de todos os funcionários que trabalham no navio. Não sei se é uma coisa da Royal Caribbean, não sei se nosso grupo específico teve sorte. Só sei que nunca fui tão bem atendida e tão bem tratada! Um exemplo disso é que o chefe dos garçons, ao ver que eram poucas as opções para vegetarianos no cardápio do jantar, simplesmente passou a encomendar pratos especiais para mim, todos os dias. Quando descobriu que eu gostava de comida indiana então (ele era indiano), jesus! Todo dia era um tal de curry de couve-flor, vegetais massala, cada coisa mais deliciosa que a outra. E se atleta-de-cruzeiro é uma categoria comum entre passageiros de navios, o Gustavo inventou o vegetariano-de-cruzeiro: comeu comida indiana-vegetariana todos os dias. Quem sabe não foi um sinal?        
Suzana, nossa camareira, era super prendada. Achei o cachorrinho uma graça!

                 

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