quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Da arte de fazer as malas

Fazer as malas é uma coisa que sempre me deu muito prazer. Quando criança, escrevia listas super metódicas, descrevendo em detalhes tudo o que entraria na mochila, na bolsa de mão, na mala a ser despachada... Chegava a especificar  quais as fitas K7 iria levar para escutar no walkman, calculadas de acordo com a duração da viagem. Por exemplo: Brasília-Rio de carro = mais ou menos 12 horas. Isso significava 13 fitas (uma extra, caso a viagem demorasse um pouco a mais). E parte das férias eram gastas gravando e regravando todas as fitas que seriam levadas na viagem. 

Hoje não tem mais fita K7, mas a metodologia das listas continua. Começa semanas antes da viagem em si. E é um tal de acrescenta sapato, tira blusa, "pra que diabos eu pensei em levar isso", etc. Parte disso se deve ao fato de eu ser uma organizadora compulsiva, mas também é porque se trata de uma forma de curtir qualquer viagem por mais um tempinho. Ao mentalizarmos uma coisa tão banal como uma mala, imaginamos que roupas ou objetos vamos precisar em determinada ocasião, pensamos detalhadamente em todos os lugares que vamos visitar.... ou seja, a viagem, que em si dura coisa de uma semana, se estende por meses até. 

Por esse mesmo motivo virei frequentadora assídua de fóruns de viagens. Não só antes de embarcar, discutindo dicas com outros participantes, mas depois de voltar também, escrevendo relatos detalhados sobre a viagem que passou. Mais uma forma de viajar por mais um tempinho e aplacar aquele vazio pós-viagem que bate quando voltamos à rotina normal.


Mas sim, voltando às malas. Acho que não tem receita pra fazer mala. Na verdade até tem, já vi milhares delas em livros, jornais, programas de televisão, etc. Mas acho tudo uma grande bobagem. Afinal, se todo mundo é diferente, não faz o menor sentido achar que as coisas que precisamos carregar de um lado pro outro são as mesmas. Lembro que uma vez enfiei DEZ pares de sapato em uma mala. Qualquer personal organizer acharia um absurdo. Mas eu fiquei feliz da vida e usei todos eles (até o coturno - no verão carioca. ah, a adolescência...). Em oposição a isso, meu tio já fez uma viagem internacional levando apenas uma pochete, justificando que pretendia fazer muitas compras, o que incluia uma mala nova. Difícil foi explicar pro fiscal da alfândega que ele era apenas um turista bem intencionado e não um terrorista kamikaze maluco (afinal, que tipo de gente atravessa um oceano carregando apenas a carteira?!). 


No fim das contas, acho que só existem duas regras que devem ser seguidas por todos, independente de qualquer coisa:
1 - Respeite os limites de peso que o seu corpo consegue carregar. Porque pedir arrego pro pai/namorado/amigo é pedir pra ouvir reclamação. E eu não admito ninguém reclamando da minha mala tão meticulosamente organizada. 
2 - Sempre coloque coisas líquidas em geral (shampoo, creme, perfume, remédios) em um saco plástico. As coisas nunca derramam até a hora em que derramam. E eu já joguei necessaire fora porque nunca consegui tirar o cheiro de xarope de dentro dela.


E depois é só esperar ansiosamente o momento de sair de casa, o momento em que a viagem de fato começa. Admito que até hoje não consigo pregar o olho na noite em que antecede uma partida...  


Meu sonho dourado enquanto organizada compulsiva. Se bem que essa ia ser difícil de carregar sozinha...

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