terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Stella

Stella é a gatinha mais nova a entrar pra turma felina aqui de casa (além dela temos Haroldo e Freud). Foi retirada do Campo de Santana em abril de 2011, filhotinha de 2 meses e já sem o olhinho direito. Até hoje não temos certeza sobre a causa da perda do olho. Não aguentei quando a vi aquela tricolorzinha, tão sozinha, pequena e desamparada no Campo. Enfiei a bichinha numa caixa de transportes e ela foi direto para o veterinário.

Stella passou meses em tratamento para as mais diversas doenças. De cara foi diagnosticada uma rinotraqueíte, seguida por uma infestação de fungos que deixou o rostinho e a orelha direita sem pelos, além de falhas enormes nas patas, nas costas e no rabinho. Tomava tanto remédio, vitamina, comprimido que, boazinha, aprendeu a ficar sentada quietinha na pia da cozinha esperando eu preparar a medicação. O olho tinha um monte de secreção, o narizinho vivia cheio de melequinha e ela não crescia nunca. Achávamos que tínhamos em mãos um verdadeiro exemplar de gato-bonsai. 

Mesmo com tantas adversidades, sempre foi um doce. Ia quietinha para o veterinário, ronronava alto para qualquer um que lhe desse atenção pelo meio do caminho. Nunca mordeu ninguém, nunca colocou as unhas pra fora, nunca fez fssssssssssss. Aliás, levou vários meses para aprender a emitir qualquer som. Sim, Stella era uma gata que não sabia miar! Era até engraçado, ela abria a boa como se estivesse miando, só para fechá-la em seguida, sem fazer barulho algum.

E a rino sarou, o fungo foi embora, o pelo voltou. Ela finalmente cresceu. Não muito, é verdade, mas o suficiente pra ficar com aquela pancinha gostosa de gato bem cuidado. Aprendeu a miar e hoje mia mais que todos os outros aqui de casa. Ficou mandona! Mia pra ganhar cafuné, pra ganhar platéia assistindo enquanto come. Mia para os mosquitos, besouros, abelhas e até para as plantas. Seu lugar de honra é ao lado do computador com a cabeça apoiada na minha mão. E ai de mim se eu tiro a mão ou coloco ela pra fora da mesa, pois ela mia reclamando.

E assim ela foi entrando em nossas vidas. O Gustavo de início relutou muito, não queria um terceiro gato. Eu mesma pensava que era demais. Mas Stella é esperta, comeu pelas beiradas, conquistou a gregos e troianos e virou a protagonista da nossa novela das oito (ok, essa frase foi meio brega). É engraçado que as pessoas só percebem que ela não tem um dos olhos quando chamamos atenção para esse fato. Acredito que em meio a tanta doçura e charme, isso passa despercebido. 

Ou seja, que diferença faz se o bichinho é de raça ou não? Que diferença faz se não tem um olho, ou uma das patas, ou perdeu a cauda antes de ser adotado? O que importa é que ele vai desenvolver uma personalidade só dele, uma relação especial com o seu tutor diferente de qualquer outra. A verdade é que bicho amado e bem cuidado é sempre bonito, independente de qualquer coisa. Aqui sempre dizemos que a gente tem "o gato sem olho mais bonito do mundo". =)

 Toda estropiada assim que chegou em casa. 

 Seis meses depois, outra gata. Que, inclusive, acessa a internet.

Acompanhando Haroldo na soneca vespertina diária.